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O auto do “Bumba-meu-boi” no estudo das matrizes do povo brasileiro.

O trabalho de ação cultural visa sensibilizar a ótica e a prática escolar, como também a cultural e reminiscente por meio de duas vertentes: a didática lúdica e folclórica dos saberes indígenas, afrodescendentes e europeus enquanto escola ou sala de aula; e a multicultural ao ponto que há uma crescente desvalorização da memória do patrimônio cultural imaterial que é o bumba-meu-boi, também chamado de Boi dos Reis ou Boi Zumbi no Ceará. Tal prática perdeu força e ação ao ponto de desaparecer nas ruas de algumas cidades a exemplo de Martinópole e, quando ocorre, vem sendo repassada na maioria dos casos como folclore vago de informação prejudicando o saber histórico. Uma sociedade sem memória é uma sociedade sem identidade, e o construto histórico de nosso povo vem enfrentando uma defasagem na manutenção da memória cultural que dá singularidade impar quando visto pela lupa antropológica. A manifestação do folguedo perpassa pelas diversas influências das matrizes formadoras do povo brasileiro concretizando a importância da alteridade entre etnias, dando ênfase para a celebração que envolve o valor da criação de gado e do charque, da divisão social com elementos a exemplo do senhor do boi (rico proprietário), dos negros trabalhadores, do pajé como líder espiritual indígena ou do curandeiro que faz parte da tradição afro, assim como da festa com comidas típicas e danças caipiras ao final da trama para comemorar a vida do boi.  Apesar de o bumba-meu-boi ser uma manifestação típica do folclore brasileiro, ele lembra um pouco os autos medievais – encenações simples, com linguagem popular e, em geral, falando da luta do bem contra o mal. “O boi é um dos folguedos (festa popular) mais representativos da cultura brasileira, pois reúne traços de três grandes ramos da formação do nosso povo: europeu, indígena e afro-negro”, afirma Américo Pellegrini Filho, folclorista da Universidade de São Paulo (USP). A exposição teatral, que ocorre principalmente em festas juninas, mostra as relações desiguais entre senhores de engenho, escravos e indígenas, em uma emblemática crítica social.

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Relevância da pesquisa

 

O Boi Zumbi ou Boi dos Reis do Ceará, Bumba meu Boi, é uma manifestação que representa, acima de tudo, a história de vida do sertanejo e interiorano. A prática é oriunda ainda do período colonial onde ocorre a mistura dos patamares indígenas, africanos e europeus, mesclando touradas, pajelança, curandeirismo e as festas com comidas típicas que firmam tão bem nossa identidade. No entanto, a manifestação cultural em questão vem perdendo sentido ao longo dos anos por motivos variados, fato que influencia em sua pouca presença e prática nas ruas e até mesmo na escola.

Visando a preocupação anteriormente citada, visar-se-á proporcionar ao educando o lúdico da encenação e canção do “boi bumbá” dentro da escola para despertar o interesse dos alunos em se envolver na prática abordada no intuito de conscientizar a população presente como também as futuras gerações que essa prática cultural é imprescindível na manutenção de nossas raízes e história, sendo firmada como patrimônio cultural imaterial reconhecida pelo IPHAN.

Na certeza de perceber a escola como fonte primária do fortalecimento da democracia cultural e do empoderamento da mesma em relação ao combate a desvalorização do auto e frente a globalização da cultura das massas midiáticas, é de total relevância manter a escola como raiz para ramificar nossos saberes culturais e sociais dentro da perspectiva de patrimônio histórico que mantém nossa memória.

 

Equipe estudantil de palestra e apresentação do folguedo 

Documentos de Pesquisa

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